sábado, 17 de março de 2012

Tenho passado os dias, jogada num canto, (re)lembrando impulsos menos meus, não me conhecia assim e não creio ser mesmo desse jeito. As palavras ficam presas em fios de pensamento que em segundos, desvanecem; já não as reconheço ou domino. Os dias revelam-se turvos, nublados, vãos, perigosos, anestesiantes,inertes, desnecessários, impessoais. Esta dormência é agoniante, dá-me a volta ao estomago, bate-me na cara e teima em permanecer. Nunca brilhei, embora tivesse planos nesse sentido, hoje sinto que “ir durando” não e mau plano - foi o melhor que arranjei. Os livros já não me chamam, poemas já não me arrancam suspiros, a Lua já não me convida a sair; vou fingindo que sim. Queria ter um tipo de refúgio, seria agradável. Um companheiro, creio eu, seria ideal… mas a minha vida amorosa é um reflexo de tudo que tenho sido, é patética.Então bebo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Disseram-me 'a pouco que nao tenho escrito com a mesma frequencia. Bem, cá vai mais um bocado do que tenho vomitado em forma detexto ultimamente.
Muito sinceramente, nao percebo o titulo que dei ao desabafo...enfim, pode ser que daqui a alguns anos, como o peso dos números que me vem sido acumulados
nas costas, eu venha a descobrir ( o mais certo é que nao).

Anexo explicativo

Odiava, nao acima de tudo, por dessa maneira as coisas seria até desonesto em relaçao aos meus outros objectos de odio, as passagens de ano. Os acontecimentos
teimavam em tomar SEMPRE o mesmo rumo e, curiosamente, pela mesma ordem : eles eram planos antecipados,obviamente irrelizaveis; alguns que já fariam
sentido;planos de última hora; planos sobre planos - e como nao é de espantar, também alguns sob os que vinham sobre (vá, riam, uma piada inteligente). Apesar
deles todos, nada nunca saia como "planeado"... como disse, sempre o mesmo rumo: ora sentava-me, ora levantava-me, ora sentava-me, ora levantava-me num embalo
frenético e insano. Podia ser que essa nao corresse mal como as outras 15, as quais a memória ainda nao me baniu de recordar.
Dei-me conta e o pesadelo tinha passado, era dia primeiro de Janeiro de 2012. Perfeito, sobrevivera a mais uma sozinha, como quem diz, com as minhas paranoias e demonios.
"O mundo nao acabou", pelo que via, o que eu somei a um gozo imenso de poder sair a gabar-me que bem tinha dito que "o calendário Maia ou falhara ou fora
mal interpretado" (chama-se ego). Sim, tudo isso era verdade, mas também nao era mentira que nenhum calendário que me tivesse passado pelas maos tinha previsto
um eclipse do Sol. Rumores baseados num imaginario mais selvagem envolvendo conspiraçoes da Nova Ordem Mundial - seja lá o que isso for- e de outras ordens de
marçonicas que vinha ouvindo; os discursos religiosos que inundaram os tablóides, jornais "mais sérios", rádios e canais de televisao, de certo modo, nao aparentavam tao
desparatados. Afinal, a minha veia ateia havia sido traida. Era oficial, o meu juizo colapsara, o que numa linguagem corrente significa mais ou menos que eu tinha mesmo
ficado doida. Decidi radicalizar : "fiz essa", ou melhor, "essas" e estive dois dias, entorpecida, filosofando sobre o sentido da vida e por que raios ainda existem shampoos
que ardem nos olhos quando os laboratorios quimicos, aparentemente, já descobriram como se verem livres desse efeito colateral. A ciencia nao prevera o acontecimento
que já durava tres dias.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Terra varonil
que por acaso alguem viu
num lindo dia de Abril
pátria que nos pariu
teus amantes so querem pernil
mae gentil
quem te cagou, quem te cospiu
essa grandeza de nada serviu
desdentada e juvenil
entre outras mil
és tu
belo covil de ladroes

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Hino dos Comedidos

Não me agradam esse homens
bem fracionados no tempo,
cedendo-se amavelmente
em todas as ocasiões
e mais também não me agradam
os partidários tão vários,
de toda moderação.
Vou passando bem distante
desses homens comedidos
deses homens moderados.

Antônio guarda seu vinho
muito mais de vinte anos
para bebê-lo mais velho
Clara não estréia o vestido
quer outra oportunidade.

Os noivos em castidade
bem além de doze anos
ainda apregoam o amor.

Os homens de ferro hoje
só sabem anunciar
uma mensagem de espera.
Aguarda a felicidade,
Vê o momento oportuno,
Não penses nunca em amor
Nem sejas tão ansioso,
resiste à melhor viagem
desconhece a emoção.

O hino dos comedidos
de todos bem fracionados
a humanidade invadiu.
Desejam oportuníssimos
Sempre expelindo relógios
aguardam os melhores instantes
subdivididos em prazos
doutrinam sincronizados
Sofrendo convencionais
Apenas grandes tristezas
Creditadas nos jornais.

Eu? Eu já sou diferente.
Não sei viver minha vida
entoada nesse hino
Esterelizada em prazos
De regras universais.
Não me situo na espera
E por profissão de fé
Acredito em circunstância
Acredito em vida intensa,
Acredito que se sofra,
mesmo muito, por amor.

Adeus homens moderados,
Adeus que sou diferente.
Compreendo a mulher que rasga
as vestes em grande dor
e sinto imensa ternura
pelo homem desesperado.

(Lupe Cotrin)

terça-feira, 26 de julho de 2011





E se nada acontecer?

Se os rostos deformados e os mendigos, os olhos famintos e as mãos que interrogam, a carne que sangra e afoga os desejos;

Se tudo isso se transformar em cinza e ausência e a vida acenar ainda?

E se o silêncio pesar sobre o grito de angústia, se a esfinge recolher seu sorriso transfigurado, se todos os sonhos forem abortados... e se nada acontecer? E se tudo isso não tiver a menor importância?

Sobre o autor:
Antônio Pinto de Medeiros Filho nasceu em Manaus e morou no Rio Grande do Norte. Formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão, pois tinha vocação a literatura.